segunda-feira, 17 de agosto de 2009


Curso de Comunicação Política e Políticas da Comunicação - 2009.2

Núcleo Omi-Dùdú e Grupo de Pesquisa Permanecer Milton Santos/UFBA.
Aula do Curso de Comunicação Política com o Jornalista e Prof. Dr. Fernando Conceição
Apenas 40 vagas - grátis! Candidatos devem preferencialmente ter concluído ou estar no último ano do ensino médio.

Inscrições de 10 a 18 de agosto de 2009,das 09h às 17h, na sede do Omi-DuDu: Rua Monte Conselho N. 121, Rio Vermelho, próximo a 7ª Delegacia de Polícia.
Processo de Inscrição e Seleção:

• 30 das 40 vagas devem ser preenchidas por indicação de entidades do movimento social, incluindo o Movimento Negro, que deve selecionar até 2 candidatos por entidade. No ato de inscrição o candidato deve apresentar carta de indicação da entidade, xerox de Identidade, certificado ou histórico escolar e uma fotografia 3X4.

• As demais vagas serão preenchidas por candidatos avulsos, não indicados por entidades, mas que comprovem atuação social.
Responsável: Jornalista e Prof. Dr. Fernando Conceição.
Objetivo do curso.

Colaborar para a formação e capacitação de lideranças dos movimentos sociais, incluído o Movimento Negro, no que tange às especificidades da Comunicação Política e das Políticas de Comunicação em vigor no Brasil e no mundo, em um momento em que a sociedade brasileira – preparando-se para mais uma campanha eleitoral em 2010 – passa por transformações políticas que devem resultar em maior diversidade e pluralismo democrático. O foco do curso são a Comunicação e a Política, assim como a relação intrínseca dessas duas esferas científicas.

É inegável o papel que a Comunicação, como ciência social aplicada, exerce nas atuais relações entre as pessoas e os grupos organizados, ou não, nas sociedades modernas. Parte da vida cotidiana dos seres humanos, a Comunicação é não apenas linguagem, mas instrumento e ferramenta de poder. Nesse sentido, os conteúdos programáticos terão como recorte a construção da imagem dos movimentos sociais pela Análise da imagem do negro nos meios de comunicação brasileiro.

Espera-se, portanto, criar possibilidades de produção de um discurso contra-hegemônico pelos movimentos sociais no enfrentamento das políticas de Comunicação vigentes. Para tanto, serão estudados veículos de comunicação alternativos: jornais, rádios, vídeo, cinema, TV e Internet, bem como, estudo da comunicação como campo de poder. Nada mais oportuno para o fortalecimento da consciência crítica dos agentes incumbidos na construção de uma sociedade mais democrática que proporcionar-lhes o acesso ao conhecimento científico. O curso de formação Comunicação Política e Políticas da Comunicação aqui proposto, visa suprir uma lacuna.
Os produtos finais do curso de capacitação e formação serão um jornal mural e um programa de rádio, frutos do módulo de práticas de Comunicação.

Publico alvo:
Os agentes sociais, incluindo aí o Movimento Negro, necessitam interagir constantemente com os setores que gerem e administram a Comunicação no país. As lideranças sociais, desde jovens envolvidos com movimentos culturais e outros que atuam em associações de bairros, de mulheres, sindicais, estudantis, e de combate aos preconceitos raciais, de gênero e de classe, devem ser os principais interessados em apreender os mecanismos de domínio da Comunicação. É este o público que o curso aqui proposto quer abrigar. Para participar será necessário que esses agentes tenham disposição para leitura e vontade de discutir o novo. Nível médio de escolaridade formal é recomendável, embora não seja um obstáculo para quem queira aprender.

Formato:
50 horas/aulas: de 1º de setembro a 19 de novembro de 2009.
4 horas semanais: Terças-feiras e Quintas-feiras, das 18h30 às 20h30.
Quantidade: 03 módulos.
Número de vagas: 40 (quarenta).

Mais informações pelo Tel: (71) 3334-5982 e 3334-2948. E-mail: contato@nucleoomidudu.org.br ou acesse o site www.nucleoomidudu.org.br

OMI-DUDU UMA ONG MODELO DA CULTURA AFRO NA BAHIA




O NUCLEO OMI-DUDU, é uma organização do movimento negro com articulação nacional, sem vinculo político–partidário, sem fins lucrativos e de personalidade jurídica. Um Núcleo de Resgate e Preservação da Cultura Afro-brasileira.



O Núcleo Omi-Dudu foi fundado em meio ao processo de resgate cultural da comunidade negra baiana. Em 1988, na Avenida Candeia no Bairro da Liberdade, um grupo de jovens decidiram utilizar do recorte cultural para intervir no destino da juventude negra de Salvador. Perceberam a importância da estética negra no processo de afirmação da identidade étnica e como trabalhar a estima por meio dessa atitude. Entende que a cultura por meio da estética, pode formar uma orientação cotidiana para projetos de transformação social.



Mas o que isto, significa que o fato de que a cultura como elemento fundante da espécie humana nos põe em movimento, o cultivo do espírito nos prepara para a garantia de valores como a igualdade, solidariedade, liberdade. Neste sentido, o acesso aos bens culturais possibilita a constante busca por direitos inerentes aos seres humanos. Isso porque, cultura é mais que um artefato de distinção social, é um direito de todos e deve ser priorizada em toda agenda política.
Mesmo sob a humilhação e angústia homens, mulheres e crianças organizaram poderosas instituições sociais e culturais no Brasil garantindo assim nossa unidade e sobrevivência. Essa resistência possibilitou a construção de uma identidade na diáspora africana que marca a própria cultura do Brasil, ainda que essa marca não nos traga nenhum retorno do ponto de vista econômico e de acesso ao poder. Portanto, o capital cultural da população negra deve ser a base do nosso entendimento e conceito cultural. Este capital cultural múltiplo usado por nossos ancestrais garantiu nossa sobrevivência.



É nesse contexto que o Núcleo Omi-Dudu se apresenta enquanto coletivo de cidadãos que partilham idéias e pensamentos buscando a valorização da comunidade negra por meio de representações afro-estéticas. Nossas ações caminham e exalam estética negra, pura e contemplativa por onde atuam, produzindo reflexões sobre identidade. Com isso, executamos projetos voltados para o resgate e preservação da cultura negra entendendo essa atitude como posição política. Não nos faltam pesquisas e estatísticas para confirmar nossos propósitos de acolher, educar e preparar a juventude negra para uma existência mais digna e humanamente cidadã. .

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

ARTE AFRICANA


Arte AfricanaCaracterísticas da arte africana, exemplos, influências, obras de arte, elementos artísticos e culturais, máscaras de madeira, obras em ouro e marfim, as esculturas e pinturas, influências e arte afro-brasileira
Introdução
A arte africana é um conjunto de manifestações artísticas produzidas pelos povos da África subsaariana ao longo da história.
História e características da arte africana

O continente africano acolhe uma grande variedade de culturas, caracterizadas cada uma delas por um idioma próprio, tradições e formas artísticas características. O deserto do Saara atuou e continua atuando como uma barreira natural entre o norte da África e o resto do continente. Os registros históricos e artísticos demonstram indícios que confirmam uma série de influências entre as duas zonas. Estas trocas culturais foram facilitadas pelas rotas de comércio que atravessam a África desde a antiguidade.
Podemos identificar atualmente, na região sul do Saara, características da arte islâmica, assim como formas arquitetônicas de influência norte-africana. Pesquisas arqueológicas demonstram uma forte influência cultural e artística do Egito Antigo nas civilizações africanas do sul do Saara.
A arte africana é um reflexo fiel das ricas histórias, mitos, crenças e filosofia dos habitantes deste enorme continente. A riqueza desta arte tem fornecido matéria-prima e inspiração para vários movimentos artísticos contemporâneos da América e da Europa. Artistas do século XX admiraram a importância da abstração e do naturalismo na arte africana.
A história da arte africana remonta o período pré-histórico. As formas artísticas mais antigas são as pinturas e gravações em pedra de Tassili e Ennedi, na região do Saara (6000 AC ao século I da nossa era).

Igbo-Ukwu: arte africana em bronze

Outros exemplos da arte primitiva africana são as esculturas modeladas em argila dos artistas da cultura Nok (norte da Nigéria), feitas entre 500 AC e 200 DC. Destacam-se também os trabalhos decorativos de bronze de Igbo-Ukwu (séculos IX e X) e as magníficas esculturas em bronze e terracota de Ifé (do século XII al XV). Estas últimas mostram a habilidade técnica e estão representadas de forma tão naturalista que, até pouco tempo atrás, acreditava-se ter inspirações na arte da Grécia Antiga.

Os povos africanos faziam seus objetos de arte utilizando diversos elementos da natureza. Faziam esculturas de marfim, máscaras entalhadas em madeira e ornamentos em ouro e bronze. Os temas retratados nas obras de arte remetem ao cotidiano, a religião e aos aspectos naturais da região. Desta forma, esculpiam e pintavam mitos, animais da floresta, cenas das tradições, personagens do cotidiano etc.

Chegada ao Brasil

A arte africana chegou ao Brasil através dos escravos, que foram trazidos para cá pelos portugueses durante os períodos colonial e imperial. Em muitos casos, os elementos artísticos africanos fundiram-se com os indígenas e portugueses, para gerar novos componentes artísticos de uma magnifíca arte afro-brasileira.

NOTICIAS







Entrevista com o Diretor de Projetos do Núcleo Omi-Dùdú, Bartolomeu Dias da Cruz
“A estética vai além da aparência. Ela proporciona sentimento de pertencimento e bem estar valorizado''


Entrevista com Bartolomeu Dias da Cruz, especialista em estética negra e filósofo
Bartolomeu Dias da Cruz, Presidente do Núcleo Omi-DùDú, especialista em estética negra e filósofo formado pela Universidade Católica do Salvador, discorre sobre a importância social e simbólica do cabelo na constituição da identidade negra.

Qual o significado social do cabelo e os sentidos a ele atribuídos?

Nessa sociedade, temos várias formas de representações estéticas, entretanto, a que impera é a européia. As inerentes à cultura negra ficam relegadas a um plano de inferioridade, relacionando-se ao conceito de feiura, de fealdade. A importância do cabelo, particularmente na juventude, reside no fato que ele proporciona sentimento de pertencimento e bem estar valorizado. As pessoas se sentem pertencidas, bonitas, aceitáveis, se sentem na moda ou se sentem participantes de um contexto social. A estética influência na formação da personalidade. Vivemos em uma sociedade extremamente vaidosa, uma sociedade que cultiva a beleza, a aparência, o bem estar físico. Por isso, a estética é muito importante para a comunidade negra. A estética vai além da aparência. Ela traz um resultado muito importante que é a formação interna do ser, do jovem, do cidadão.

O cabelo demonstra a forma que a pessoa se vê e a forma que a pessoa é vista pela sociedade?

Não necessariamente. A partir do cabelo adotado a pessoa se vê e expressa o que a sociedade quer vê de acordo com os grupos, com as comunidades. Geralmente, quem tem o cabelo liso e loiro não vai querer encrespar o cabelo para parecer negro. Entretanto, muitos negros que têm o cabelo crespo podem se sentir influenciado e alienado ao ponto de querer alisar e dourar seus cabelos. O que eu quero dizer é o seguinte: a comunidade negra brasileira está em busca de uma aparência, nós não temos ainda definido, estamos fazendo experiências, laboratórios. Se você pode perguntar a várias mulheres negras, elas levam horas para poder vestir uma roupa e formular penteados. Essa inquietude, normalmente, é confundida com liberdade, só que não é liberdade.Sair a cada dia, com um modelo de cabelo, é também um conflito,pois demonstra que você não se sente confiante com sua aparência. Será que estou feia? Ainda impera no inconsciente coletivo da comunidade negra o desconforto pela aparência.

Então, o cabelo possui um capital simbólico muito grande ?

Ele é um dos principais instrumentos de auto- afirmação. Se você está em um grupo de negros de cabelos trançados você se sente pertencida. A estética precisa se fortalecer no ponto de vista da confiança, precisamos fortalecer a militância negra com confiança.

“Cabelo ruim” e “Cabelo bom”, que no dia- a-dia as pessoas reproduzem, expressam o conflito racial entre negros e brancos no Brasil?

Essa questão de “cabelo bom” e “cabelo ruim” é uma confusão baseada em cima de uma ignorância, um estereótipo perversamente introduzido dentro da comunidade negra com o objetivo de inferiorizar as pessoas. O cabelo é uma extensão do corpo. O corpo ou é sadio ou é doente. Portanto, o cabelo não está no conceito nem de bom ou ruim. Cabelo é cabelo.
Tem uma frase que diz: “Ser Negro é tornar-se Negro.” O que você tem a dizer sobre isso?
Eu posso até concordar em parte com essa idéia de que ser negro é tornar-se negro.A palavra tornar-se é uma transformação que pressupõe uma metamorfose, na qual podemos concluir que é um processo de militância, de consciência. Tornar-se vem a ser uma pessoa que tem consciência e pleno conhecimento da sua situação existencial seja ela étnico-racial ou humana.


Então, tornar-se negro é uma revelação que perpassa pela militância e pela intelectualidade.
Como você avalia o cenário da estética negra baiana?

Nós temos uma população de aproximadamente 81% de negros no qual a maioria se submete a tratamentos estéticos. O Núcleo Omidudu investe em estética porque acredita que o negro precisa ser tratado pelo negro. É diferente quando você entra no salão e uma pessoa negra cuida de você. É muito diferente. Um negro não tem nojo de pegar em outro negro. Imagine um esteticista alienado, acostumado a alisar cabelos, como ele vai se sentir bem? Como ele vai dedicar um bom atendimento a alguém de cabelos crespos?